Infelizmente às vezes o profissional de marketing se depara com um clima pesado no trabalho; especialista ajuda a criar estratégias de sobrevivência.
Versão em português por Bruno Capelas
Se você chegar num happy hour de profissionais de marketing e perguntar por ambientes de trabalho ruins, provavelmente todo mundo na roda vai ter uma história pra contar. Por mais que os tempos estejam mudando e palavras como saúde mental e bem-estar estejam entrando na conta dos RHs, infelizmente ainda acontece – e não à toa, planilhas mostrando as práticas ruins das empresas vira e mexe viralizam por aí.
Tentar evitar ambientes de trabalho tóxicos, inclusive, é negócio para algumas pessoas – e está aí o Glassdoor que não nos deixa mentir. É algo que dá pra tentar desviar, especialmente durante entrevistas de emprego, mas que não dá pra escapar sempre: às vezes, basta acontecer uma mudança na liderança ou um macromovimento de mercado para que o que era doce fique azedo em um instante.
Em muitos casos, a melhor estratégia para lidar com um ambiente de trabalho tóxico é sair correndo. Mas nem sempre dá – por diferentes motivos, entre ser leal à empresa ou não ter uma opção para onde fugir rapidamente.
É por isso que recorremos ao Bill Macaitis, ex-CMO de empresas como Slack e Zendesk, para pegar alguns conselhos sobre como lidar com essa realidade tão complexa e, ao mesmo tempo, tão presente no dia a dia da área. Com mais de 20 anos de carreira, ele já enfrentou climas pesados várias vezes em sua carreira e reuniu as principais dicas em um vídeo no canal dele do YouTube – o Saas CMO Pro, que a gente do Purple assiste toda hora e recomenda muito que você o faça também.
Crie uma bolha positiva
“A primeira estratégia que eu tentei foi criar uma bolha positiva dentro do meu time”, conta o Bill. É uma estratégia que faz sentido, especialmente para quem está em posições de liderança.
Não importa se a empresa está um caos ou se a cultura é agressiva: o que importa nesse caso é criar uma espécie de “santuário” ou “oásis” em que as coisas funcionam de maneira diferente. “Não dá pra controlar a empresa inteira”, diz ele, “mas dá pra controlar o ambiente dentro do seu próprio time de marketing. Dar bons feedbacks, mostrar direções, ser positivo: tudo isso ajuda a criar uma boa cultura.”
Mas é importante lidar com essa estratégia com um grão de sal, como diriam os gringos: criar uma bolha de positividade não significa isolar o seu time do resto da empresa. É mais sobre ser capaz de lidar com a pressão externa e traduzi-la em algo que seja razoável, e não fazer com que o time viva no mundo da fantasia. Além disso, há ainda outro cuidado importante: para embarcar nessa estratégia, o líder precisa cuidar bem da sua própria saúde mental – ou senão, corre-se o risco da pressão externa virar um burnout.
Aprenda com os maus exemplos
Se você frequenta lojas de souvenir, talvez se lembre daquele tipo de camiseta com a frase: “Não sou completamente inútil: ainda posso servir de mau exemplo!”.
Infelizmente, ainda não criaram uma maneira elegante de dar essa camiseta para uma liderança ruim dentro da sua empresa, mas dá pra fazer isso de uma maneira simbólica. “Em cada ambiente negativo, há pelo menos um lado bom: você tem todos os dias uma masterclass do que não fazer”, diz o Bill.
Segundo ele, esse foi um dos maiores aprendizados que ele teve como líder: ao ver um comportamento horrível ou indesejado, ele sempre fazia uma nota mental sobre não repetir esse erro no futuro. “É claro, é algo frustrante na hora que acontece, mas pode ser um conselho valioso quando você se torna líder no futuro.”
Tenha expectativas realistas
Já dizia a sua mãe: “ninguém é perfeito”. Pois é: até mesmo as melhores empresas têm problemas. “É importante reconhecer que o nirvana não existe no mundo corporativo”, diz o Bill.
Isso é importante porque ter expectativas realistas ajuda qualquer um a se preparar para desafios inevitáveis – e isso é especialmente importante no marketing, onde não só muita gente tem opiniões diferentes, mas também todo mundo na empresa parece gostar de pitacar. “Entender que você vai enfrentar críticas e diferentes pontos de vista é crucial para lidar com a pressão”, ressalta o Bill.
#gratidão
Por fim, o Bill ainda adota uma tática que pode parecer digna de musa fitness no Instagram, mas que faz sentido: praticar a gratidão. “Todos os dias, antes de ir trabalhar, eu buscava me lembrar do que eu queria agradecer”, diz ele. Às vezes, ter um emprego é só mais uma das coisas que a gente faz na vida – e esse emprego nos dá dinheiro que nos propicia um monte de coisas, de pagar o aluguel e os boletos até poder curtir o fim de semana do jeito que a gente mais gosta.
É tudo uma questão de equilíbrio – e tomando emprestada aqui uma página do budismo, se o equilíbrio não está presente fora da gente, o melhor a fazer é buscar o equilíbrio dentro de nós mesmos. “Ommmmmmm….”
– Texto original em inglês –
4 Strategies to Survive a Toxic Workplace
Bill Macaitis
We’ve all been there. You work long enough and at some point you encounter a really bad work environment. A workplace that stresses you out, drains your energy, and makes you dread coming to work each day.
Toxic environments fester like a week old fish in the fridge. No one likes them.
Unfortunately, it’s not always as simple as leaving for another job when these situations present themselves. Maybe you love parts of your job. Maybe you are loyal to your team. Maybe you are loyal to the mission.
So if you aren’t ready to leave but you still want to cope through these negative environments, here are four strategies that really helped me.
Create a Positive Bubble
The first strategy I embraced was creating a positive bubble within my team. No matter how chaotic things got, I focused on trying to shield my team from the politics and negativity swirling around us. It’s about creating a small sanctuary where your team feels supported, where the culture you want thrives. You can’t control the whole company, but you can absolutely control the environment within your own team. Think of it as building a company within a company.
Learn What Not to Do
In every negative work environment, there’s a silver lining—you get a masterclass in what not to do. I always made a mental note of behaviors and decisions I disagreed with, vowing not to repeat them when I gained more responsibility. Every bad experience becomes a lesson. Sure, it’s frustrating in the moment, but it’s valuable intel for how you want to lead in the future.
Set Realistic Expectations
No company is perfect. Even the best workplaces have their issues. It’s important to recognize that nirvana doesn’t exist in the corporate world. Setting realistic expectations upfront helps you prepare mentally for the inevitable challenges. Particularly in marketing, where everyone seems to have an opinion, understanding that you’ll face criticism and differing viewpoints is crucial.
Practice Gratitude
One of the most powerful strategies I adopted was practicing gratitude. Every morning, I’d remind myself of what I was grateful for. It’s easy to get bogged down by the daily grind, but keeping perspective on how fortunate we are can be incredibly grounding.
Sobre o autor
Bill Macaitis é consultor e membro de conselhos, orientando empresas aspirantes a unicórnios/decacórnios. Bill trabalha com empresas para desenvolver estratégias de go-to-market eficientes e equipes globais. Ao longo de sua carreira de 20 anos, Bill alcançou cinco exists bem-sucedidos e impulsionou o crescimento de três das empresas de crescimento acelerado: Slack (CRO/CMO), Zendesk (CMO) e Salesforce (SVP de Marketing).
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